quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Degustação e harmonização de maravilhas belgas

Quando dissemos que estávamos indo para a Bélgica, nosso professor Felipe Viegas, da Taberna do Vale, prontamente forneceu inúmeras dicas relacionadas ao mundo cervejeiro. Os belgas têm uma variedade impressionante de estilos de cervejas, a maioria delas pouco conhecidas em terras tupiniquins e muito difíceis de encontrar, ou de preço proibitivo por aqui. Por isso, fizemos a festa e trouxemos 13 garrafas que, infelizmente, reduziram-se a 10 (três quebraram na viagem).

Na volta, fizemos questão de compartilhar com ele e com a Carol alguns exemplares. A degustação foi acompanhada de um menu especialíssimo preparado pelo Felipe, que harmonizou maravilhosamente com as cervejas. Começamos os trabalhos com a excelente Mariwit, à base de trigo, produzida na Taberna e elaborada segundo as normas da Escola Belga.

Depois passamos para a Delirium Tremens, Belgian Strong Ale perfumada, com toques cítricos e frutados, levemente picante. Harmonizamos com um salmão marinado delicioso, temperado com mix de ervas desidratadas, limão desidratado, suco de limão fresco, um pouco de vinho branco, cebolas, alho e pimenta rosa. A acidez do limão “cozinhou” levemente as postas de salmão, que por dentro conservaram o tom rosado do peixe cru.


A estrela da noite foi a Westvleteren 8º, ale de abadia escura e forte, com toques tostados e ligeiramente amargos, além dos sabores de peras, ameixas, avelãs e café. Simplesmente ma-ra-vi-lho-sa! A cerveja é feita na abadia de São Sisto de Westvleteren, estrela reclusa do universo cervejeiro. A produção é limitada, e até pouco tempo era vendida somente mediante reserva telefônica. Encontramos na loja Bier Tempel, em Bruxelas. Esta é a única cerveja trapista que ainda emprega somente seus próprios monges na produção.

Degustamos a Westvleteren com os Escalopes de Filet a la Bière. O Felipe preparou um molho roty com cerveja tripel belga e temperou o filet com sal, pimenta do reino e páprica picante.


Passamos, então, à Mort Subite Kriek, cerveja lambic frutada, fermentada e aromatizada com cerejas frescas. Praticamente um champagne rosé!! Sensacional com a sobremesa de frutas vermelhas. O Felipe juntou um pacotinho de polpa de framboesa, mais um pote pequeno de geléia de frutas vermelhas, reduziu na panela e adicionou uma colher de mel. Essa calda deliciosa foi misturada a mirtilos e morangos frescos, que foram servidos com sorvete de creme.

 

A noite foi encerrada com uma garrafa de Deus, que, apesar da fama, decepcionou um pouco. As notas frutadas, florais, doces e salgadas não me pareceram muito balanceadas.. Alguns aromas chegaram até a incomodar... Enfim, valeu a experiência. Não é todo dia que a gente tem a oportunidade de degustar uma cerveja leve e sofisticada, produzida segundo o método champenoise.



A conclusão é que, realmente, algumas cervejas “pedem” para ser acompanhadas por comida. Apesar de serem ótimas sozinhas, muitas são apreciadas em todo o seu “esplendor” quando harmonizadas corretamente com pratos saborosos e bem preparados.

Fonte: O Livro da Cerveja

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