quarta-feira, 19 de maio de 2010

Perfil do consumo brasileiro de alimentos e bebidas

O Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp elaborou uma pesquisa, junto com o Ibope, que revela o perfil do consumo brasileiro de alimentos e bebidas. O objetivo é avaliar as características do consumidor e se ele está alinhado às tendências mundiais do setor. Os resultados indicam que sim.

Mas não é por isso que o País deixa de ter seu próprio jeitinho: o arroz e o feijão ainda são a prioridade nacional, pois na hora da escolha os brasileiros ainda optam por marcas mais conhecidas. Outro dado interessante é o destacado interesse pelo lançamento de iogurtes, biscoitos e sucos prontos para o consumo.

Apresentado durante o Brasil Food Trends 2020, nesta terça-feira (18), na sede da Fiesp, o levantamento é o primeiro a disponibilizar gratuitamente informações estratégicas de mercado e de comportamento a 22 mil empresas do setor de alimentos e bebidas. A expectativa é que a competitividade das micro e pequenas indústrias, principalmente, seja a mais beneficiada.

O estudo mostrou que a maior parte das pessoas, 34% do total de entrevistados, prioriza a conveniência e a praticidade dos alimentos, em resposta às necessidades do cotidiano apressado e ao pouco tempo que dispõem.

“É o tipo que trabalha em tempo integral e não tem tempo para preparar comidas mais sofisticadas. Por isso, adere a pratos congelados e semiprontos”, explicou Antonio Carlos Costa, gerente do Deagro e um dos coordenadores do projeto. Segundo ele, o consumo destes produtos tende a aumentar ainda mais caso os preços se tornem mais atraentes.

Outra tendência dos consumidores do Brasil está na confiança e qualidade que veem nos alimentos. O estudo indica que 23% da população é composta por consumidores fiéis às suas escolhas por marcas, produtos ou empresas. Para Costa, este público prefere marcas que conhece e confia, mesmo que tenham que pagar mais caro por elas. “É um comportamento muito presente na classe C, principalmente entre donas de casa com crianças menores de 12 anos”, acrescentou.

Segundo o gerente, entre os que acham mais importante que a comida seja “gostosa e atraente” também se encontram 23% dos entrevistados – ou seja, os que priorizam a sensorialidade e o prazer nos alimentos. “Eles têm um estilo mais impulsivo para comer. ‘Prazer sem culpa’ é seu lema”.

Diferentemente da disposição geral do resto do mundo, dois grupos se unem para dar a cara do Brasil ao consumo de alimentos. Segundo constatou a pesquisa, saúde e bem-estar e sustentabilidade e ética convergem no momento de escolha por produtos alimentícios. “O mesmo bem-estar que o brasileiro exige que seus produtos proporcionem a si próprio, quer ver na responsabilidade que possuem com a sociedade e com causas ambientais”, atestou Costa.

Ainda apoiado no estudo, disse que o consumidor brasileiro tem uma ideia confusa a respeito do conceito de sustentabilidade. Apesar disso, 80% daqueles que se dizem familiarizados com o termo estão dispostos a comprar produtos que seguem a prática responsável, mesmo por preços mais elevados.

A pesquisa foi feita em nove capitais brasileiras e se baseou em 1.512 entrevistas, com pessoas acima de 16 anos. Foram elaboradas 30 perguntas para medir a preferência dos consumidores, que levaram em consideração os grupos de tendência citados.

Na hora da compra

Além de mapear estas tendências, os dados também demonstram o que é mais importante para os consumidores na hora de comprar um produto. Conhecer e confiar na marca foi o aspecto mais destacado, com 59% de preferência da população.

Mesmo quando questionados sobre os critérios que usarão futuramente para escolher os produtos, a confiança continua sendo o maior diferencial, com 42%.

Arroz e feijão são os produtos em que o conhecimento da marca mais pesa para a decisão – 44% e 36%, respectivamente. Isto ocorre porque são os alimentos básicos do dia a dia dos brasileiros e com eles “não pode ter erro”, esclareceu Costa.


Gosto e sabor influenciam, atualmente, a compra de 47% dos entrevistados; futuramente, esta porcentagem cai para 31%. Alimentos nutritivos e enriquecidos com vitaminas são os terceiros da lista e praticamente não variam entre as expectativas de consumo atual e futura: hoje 32% das pessoas dão prioridade a eles e no futuro, 33%. A qualidade dos alimentos é determinante para 29% da população, atualmente, e sobe para 35%, futuramente.

Por fim, para surpresa do gerente do Deagro, o quesito preço foi o menos significativo na hora da opção por produtos e, pelo que a pesquisa indica, tende a perder ainda mais importância. Se hoje é decisivo para 28% das pessoas, no futuro será para 23% delas.

“Ficamos surpresos com o resultado, achávamos que no Brasil o consumidor tinha outras prioridades. Mas o bom momento econômico e a inclusão de milhares de famílias no nível de consumo mudaram este quadro”, destacou.

O material também trouxe a relação dos produtos que mais despertam o desejo do consumidor quando lançados no mercado. Os iogurtes lideram, com 32%; bolachas e biscoitos estão em segundo lugar (28%); logo atrás vêm os sucos pronto para beber, 27%. Por fim, aparecem chocolates e bombons (25%), queijos (24%) e alimentos congelados ou semiprontos (21%).


Legitimidade Social

O último, mas não menos importante, dado assinalado pelo documento diz respeito às posturas que as empresas de alimento assumem e que despertam o respeito e admiração dos consumidores. Outro resultado interessante, na opinião do gerente.

A qualidade é o fator que mais agrega respeito aos produtos: 21% dos consumidores sustentam essa ideia. Muito próximo a este número encontra-se o investimento em projetos sociais, que garante o respeito de 19% dos entrevistados a empresas que aderem à prática.

Para Costa, este comportamento sustenta a mesma tese de que saúde e ética são valores cada vez mais indispensáveis aos produtos brasileiros, na visão da sociedade.

“O consumidor está preocupado, sim, com o bem-estar de sua família, mas também se importa com o ambiente onde está inserido. Com segurança podemos dizer que marcas ligadas à melhoria social se destacam entre a população”, garantiu.

Para acessar o estudo completo, clique aqui (arquivo em PDF).

Fonte: FIESP

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